BRASIL PRECISA CRIAR A CULTURA DA INOVAÇÃO

09 de junho de 2016.
ARTIGO DA ADVOGADA CLARA LÓPEZ TOLEDO CORRÊA

É indiscutível que
uma crise econômica nada mais é que o reflexo de uma crise política. Assim,
tentar reaquecer o mercado brasileiro e voltar a crescer depende de inúmeros
fatores, entre eles a estabilização do cenário político, que desde o ano
passado não tem oferecido segurança – independente de partidos e governos das
mais variadas esferas.
Há alguns meses os
brasileiros se depararam com incertezas mil – a desaceleração de incalculáveis
setores da economia se tornou rotina para a maioria das classes sociais. Isso,
não atinge apenas quem vive no País, mas quem nos vê de fora. E, para uma
economia que em sua maior parte é dependente do exterior, isso não é nada
favorável. Infelizmente tal característica é histórica e cultural, pois nosso
mercado sempre dependeu do mercado exterior e de suas caras tecnologias para
girar. Não afirmo com toda certeza, que se o Brasil tivesse uma cultura de
criar tecnologias, deixaria de perceber a crise atual, pois não creio que seja
apenas uma crise nacional, mas mundial. Entretanto, se possuíssemos outro tipo
de cultura, encararíamos essa crise de proporções históricas de uma forma
melhor.
Assim, uma das formas
de encarar o atual momento seria investir em tecnologias e inovações – o que se
faz extremamente difícil para aquela parcela da população que luta para
sobreviver ao desemprego e para arcar com suas contas e dívidas. Dessa forma,
inovar chega a ser antagônico e não coeso. Não obstante, esse momento em que
muitos se retraem seria uma oportunidade de olhar para dentro e iniciar
pesquisas para o desenvolvimento de tecnologias próprias, para não mais
depender de inovações alienígenas. Isso consequentemente criaria uma economia
nacional menos dependente de outros países e mais saudável. Por outro lado, a
população se vê mais uma vez de mãos atadas, pois apenas os mais ricos seriam
capazes de inovar – e a inovação deve ser acessível a todos! Independente de
tamanho e poder econômico.
Percebemos, desse
modo, que o cenário que nos assusta se faz cada vez maior. Entretanto, isso não
é uma característica atual, como já mencionado. O povo brasileiro, sempre tão
criativo, nunca possuiu a Cultura da Inovação – mesmo que há mais de 10 anos
tal cultura venha sendo timidamente pregada por universidades e alguns poucos.
Infelizmente, creio ser possível afirmar que mesmo quem lida com inovação acaba
não contribuindo muito para ela, como ocorre com o Instituto Nacional da
Propriedade Industrial (INPI), que teve 
modernizações necessárias nos últimos anos e que facilitou a vida dos
inventores e da própria autarquia. Se compararmos com os Escritórios de
Propriedade Industrial – como são chamados os órgãos que analisam marcas e
patentes, ou seja, tecnologias e inovações, fora do Brasil –, o INPI não
oferece tantas ou boas condições para a inovação, uma vez que demoramos em
média de seis a oito anos para conceder uma inovação/patente, enquanto no
exterior esse prazo chega apenas há quatro anos. De certa forma tal empecilho
pode estar relacionado à demanda advinda da falta de cultura de inovar que
possuímos. Não obstante, como já explanado, o brasileiro está acostumado com a
insegurança histórica de seus governos e economia – como foi o exemplo de uma
grande redução do PAC, seja para Minha Casa, Minha Vida, seja para a área da
saúde.
Portanto, para
mudarmos uma boa parte do calamitoso cenário atual, temos que mudar
completamente a nossa cultura e começar a inovar para ter uma economia robusta
e sustentável. E, isso não depende apenas de nossos governantes ou grandes
empresários, mas de todos nós!
Clara López Toledo
Corrêa é advogada da Toledo Corrêa Marcas e Patentes. E-mail –
[email protected]
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