DOENÇAS OCUPACIONAIS: INVESTIR EM PREVENÇÃO SIGNIFICA ECONOMIA PARA AS EMPRESAS

07 de novembro de 2015.
As doenças
ocupacionais são causadas pelas atividades desenvolvidas rotineiramente pelo
trabalhador ou por condições inadequadas no ambiente de trabalho e atingem
funcionários de diversos setores de atuação. “As estatísticas revelam que a
cada R$ 1,00 investido em segurança, o retorno é de R$ 4,00 para empresa. Além
disso, os acidentes e doenças ocupacionais geram um aumento nas alíquotas
previdenciárias, processos por danos morais e em alguns casos, até criminais.
Prevenir é essencial”, alerta a engenheira de segurança do trabalho e
assistente técnica em processos judiciais, Marcia Ramazzini.
Ainda segundo Marcia,
todas as empresas possuem riscos ocupacionais, porém, eles são graduados
conforme o tipo de trabalho desenvolvido. “Unidades siderúrgicas, indústrias
químicas e construção civil são as áreas que mais apresentam problemas e riscos
acentuados, porém, os cuidados devem ser tomados pelos trabalhadores e
empresários de todos os setores de atuação”, diz.
O nível de risco
varia conforme a atividade constante no contrato social da empresa, com
gravidades graduadas de um a quatro. “O fundamental é a conscientização dos
colaboradores sobre a importância das ações preventivas adotadas pela empresa.
Eles devem fazer a antecipação e reconhecimento dos riscos e adoção de medidas
visando monitoramento e exposição dos funcionários”, diz a engenheira.
O ruído ainda é o
risco com maior incidência. Os funcionários expostos aos níveis com resultados
acima dos limites de tolerância e sem a adoção das medidas de proteção
preventiva (os protetores auriculares) podem sofrer graves danos, inclusive a
perda auditiva. “Após sete anos de exposição ao ruído, o funcionário pode
começar a ter perda auditiva com danos irreversíveis. O exame específico para
esse caso é a audiometria, que deve ser realizada periodicamente, conforme
estabelecido no Programa de Controle Medico e Saúde Ocupacional”, alerta
Marcia.
Além dos riscos
ambientais, físicos, químicos e biológicos existe também os ergonômicos, de
acidente, entre outros. Ficar sentado muitas horas seguidas, manter a postura
inadequada e excesso de digitação são alguns dos comportamentos que geram ou
agravam doenças osteomusculares relacionadas ao trabalho (DORTs).
A falta de protetores
auriculares pode causar a perda auditiva pelo ruído (PAIR), a falta dos óculos
de proteção pode ocasionar danos ou até mesmo perda da visão. “A não utilização
dos óculos de proteção é muito grave. Funcionários que trabalham em laboratório
com manipulação de produtos químicos podem sofrer graves queimaduras nos olhos,
trazendo prejuízos para o resto da vida”, alerta.
Trabalhadores
expostos a substâncias carcinogênicas como chumbo e fenol necessitam de atenção
redobrada e cuidados específicos, pois, esses componentes podem provocar ou
estimular a degeneração celular.
Atividades
desenvolvidas em cerâmica causam silicose, uma doença irreversível. Trabalhos
realizados com solda devem ser executados com óculos de lentes escuras. “Esses
trabalhadores devem receber cuidados especiais, visto que, a claridade
ocasionada pela soldagem pode danificar o cristalino, ocasionando a catarata”,
destaca.
Marcia Ramazzini orienta
ainda sobre a importância da conscientização. “A conscientização sobre os
riscos existentes, doenças ocupacionais e seus efeitos, muitas vezes
irreversíveis, devem estar sempre em pauta dentro das empresas. Os responsáveis
pelo departamento de Segurança do Trabalho devem promover ações e palestras
sobre o tema, afim de conscientizar de que a prevenção continua sendo a
principal ação e que pode salvar vidas”, salienta.
Nos últimos 40 anos a
OSHA (Occupational Safety & Health Administration), o Ministério do
Trabalho Americano, fez um grande esforço para redução das doenças ocupacionais
e acidentes do trabalho nos EUA. A tarefa deu certo e houve uma redução de 70%
de doenças/acidentes.
No Brasil, a empresa
é obrigada a implementar Programa de Prevenção de Riscos Ambientais (PPRA),
através da antecipação, reconhecimento, avaliação dos riscos ambientais
existentes (físicos, químicos ou biológicos) ou que venham a ocorrer e
consequentemente adoção de corretivas que eliminem os riscos ou na
inviabilidade adotar uso de EPIs. Cabe as Empresas preservar a integridade
física e mental de seus funcionários.

Os funcionários devem
colaborar com a empresa no cumprimento de suas normas, instruções, uso de EPIs
fornecidos, entre outros. “Caso algum EPI cause incomodo ou o funcionário tenha
problemas de adaptação, é necessário acionar os a Segurança do Trabalho que irá
fazer a substituição, porém, nunca deixar de utilizá-lo”, diz. Cabe ao
trabalhador respeitar e fazer cumprir as normas de segurança e higiene do
trabalho. “O ideal é que o risco seja totalmente eliminado, mas nem sempre é
possível. Uma empresa que possui uma boa gestão e monitoramento eficaz de
segurança do trabalho dificilmente terá doenças ocupacionais”, conclui.
Fotos 1 e 2 – Engenheira Marcia Ramazzini.
Crédito: Flávio Oliveira.
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