EDUCAÇÃO TRADICIONAL EM CHEQUE

23 de dezembro de 2014.
O modelo de ensino tradicional
representa, na cabeça de muitos pais, a esperança de sucesso profissional para
a vida dos filhos. A metodologia é bem conhecida, os alunos são ensinados e
avaliados de forma padronizada, na maioria das vezes, com apostilas. Há, ainda,
o grande volume de conteúdo a estudar e muita pressão por desempenho em provas
nacionais e vestibulares. Cada vez mais, esse modelo começa a ser questionado.
Será que a padronização traz, efetivamente, resultados iguais para todos os
alunos?
Para a psicóloga organizacional da
IBE-FGV, Eline Rasera, a resposta é não. Segundo ela, quando apenas um modelo é
seguido, os educadores deixam de conhecer e experimentar outros que podem ser
melhores aplicados, afinal os conceitos e os alunos evoluem. “Quando os
estudantes percebem incoerência entre o que se estuda e o que se percebe como
realidade, tendem a perder o interesse e ficam desmotivados pelo assunto, pelo
estudo e até pela escola”, explica.
A coordenadora pedagógica das escolas
da Fundação Romi, que fica em Santa Bárbara d´Oeste, Luciana Bueno Bruscagin,
destaca que a educação deve ter como foco a formação global e integral dos
alunos e não somente uma educação específica, padronizada e individual. “Se não
pensarmos nos jovens como seres integrais e com diversas capacidades,
desprezaremos inteligências tão importantes quanto as intelectuais, que são o
foco das escolas tradicionais”, diz a educadora.
Ainda segundo a especialista da
IBE-FGV, a metodologia padronizada pode trazer prejuízos para a futura vida
profissional do estudante, uma vez que o mercado de trabalho atual busca
pessoas cujo conhecimento transcenda o senso comum. “Quando se informa e ensina
através de modelos padrões, diminuem-se a capacidade de reflexão, de criação,
de utilizar as conexões cerebrais para desenvolver novos modelos. Mantém-se
somente a memória e a reprodução de informações, diminuindo também a capacidade
para encontrar soluções de problemas, criar novos produtos entre outros”,
explica.
Ao invés de apostilas, simulados e
mapa de sala, o corpo docente das escolas da Fundação Romi lida, literalmente,
com outros desafios diários.  Isso porque a metodologia pedagógica do
Núcleo de Educação Integrada (NEI) – do 5º ao 9º ano – e do Centro de Vivências
do Desenvolvimento Infantil (CEDIN) – para crianças de quatro a seis anos –
foge do tradicional, não se atém, apenas, a conteúdos curriculares, mas,
principalmente, ao desenvolvimento de atitudes e comportamentos solidários,
cuja principal proposta é habilitar o aluno na busca de uma aprendizagem
contínua.
O método de ensino, baseado no
construtivismo de Jean Piaget, Paulo Freire e na experiência da Escola da
Ponte, do educador José Pacheco, incentiva a autonomia dos alunos e o trabalho
e equipe. Composto por 31 profissionais multidisciplinares, o corpo de
professores do NEI e do CEDIN cria o próprio material utilizado pelos alunos,
que são chamados de desafios. Não há o uso de apostilas, o desenvolvimento do
aprendizado é personalizado e diferente a cada ano.
Para a psicóloga, o ensino
alternativo provoca reflexões, análises e debates, o que mobiliza conexões
cerebrais e permite uma ampliação da experiência e do aprendizado. Além disso,
neste processo há o aspecto social, a troca com o outro e o grupo. Assim, o
aluno aprende desde cedo a ouvir, analisar e aceitar outras opiniões, questões
fundamentais para a carreira profissional. “No empreendedorismo, uma das
competências requeridas é a iniciativa, com a criação de novos produtos, a
capacidade de negociar e fazer parcerias. Tudo isso pode ser aprendido e
treinado com atividades de interação social em atividades de grupo”, afirma
Eline.
No modelo atual tradicional, os
resultados de uma escola são mensurados com base nos índices de aprovações em
vestibulares e provas nacionais. Para a educadora da Fundação Romi, essa forma
de avaliar e aprovar é pontual e competitiva, uma vez que não conseguem “medir”
a inteligência processual, solidária e, ainda são incapazes de reconhecer a
inteligência criativa dos alunos. “Isso frustra e deixa de fora muitos jovens
com essas capacidades tão fundamentais para a formação de profissionais de
excelência”, completa. “Ao contrário, estamos estimulando a competição
individual e, com isso, o egocentrismo, numa análise mais profunda. Desta
forma, os alunos e a família perdem, as empresas perdem e a sociedade fracassa.
Podemos e devemos mudar esse modelo”, completa a especialista da IBE-FGV, Eline
Rasera.
Fotos de 1 a 3 – Alunos do Núcleo de Educação Integrada (NEI) da Fundação Romi.
Crédito: Divulgação.
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