ENDIVIDAMENTO DAS FAMÍLIAS PODE REDUZIR CONSUMO NO NATAL

24 de novembro de 2014.
Um levantamento
feito no mês de outubro pelo Instituto Brasileiro de Economia da Fundação
Getúlio Vargas (FGV/IBRE), referente a Sondagem de Expectativas do Consumidor,
revelou um dado preocupante: a inadimplência das famílias brasileiras está
aumentando. Entre outubro de 2013 e o mesmo período de 2014, o percentual
passou de 7,2% para 10,3%. Segundo Viviane Seda, responsável pelo estudo, o
cenário é reflexo de uma inflação pressionada, combinada com maior preocupação
com o emprego e renda crescendo menos. “O aumento da proporção de consumidores
com dívidas em atraso contribui para uma maior insatisfação com a situação
financeira das famílias no momento. Além da preocupação com o mercado de
trabalho e inflação, esse fator influenciou a piora do nível de confiança dos
consumidores”, ressalta. 

A pesquisa também mostra que o nível de
endividamento é relativamente maior para os consumidores com menor poder
aquisitivo e da ordem de 20,4%, para famílias com ganhos de até R$ 2.100; em
2013, essa taxa era de 14,4%. O estudo mostra ainda que conforme o aumento da
renda esse índice decresce. Para aquelas que ganham mais de R$ 9.600, que seria
a maior faixa, apenas 3,7% declararam estar inadimplentes.

Com o cruzamento do quesito especial sobre
inadimplência com a pergunta da Sondagem sobre a situação financeira atual da
família, foi possível concluir que o grau de satisfação com o pagamento das
contas é significativamente inferior para os consumidores devedores. Dos 10,3%
que afirmaram possuir contas atrasadas há mais de um mês, 40,7% declarou estar
numa situação financeira ruim e 9,6%, boa.

Para o professor de
Economia da IBE-FGV de Campinas, Mucio Zacharias, um grande entrave no
planejamento financeiro das famílias é a falta de reservas. “Sem dúvidas, ter
reserva é pensar no futuro, o diálogo é uma ferramenta fundamental para isso,
sempre teremos obstáculos e nunca saberemos quando aparecerão,  portanto,
poupar é diminuir gastos com juros e atingir mais rapidamente as metas, além de
não ficar na inadimplência. Poupem à vontade”, recomenda.
A Sondagem de Expectativas do Consumidor é
realizada com base numa amostra com 2.100 domicílios em sete das principais
capitais brasileiras. A coleta de informações foi realizada entre os dias 01 e
21 de outubro.

Já o Índice de Confiança do Consumidor (ICC)
recuou 1,5% entre setembro e outubro de 2014, ao passar de 103,0 para 101,5
pontos, menor nível desde abril de 2009. Houve piora da satisfação com a
situação presente e das expectativas em relação aos meses seguintes. O
Indicador que mede a Expectativa de Inflação dos Consumidores nos 12 meses
seguintes,  também da FGV, passou de 7,3%
em setembro para 7,5% em outubro, retornando ao nível de abril de 2014, o mais
alto desde novembro de 2005 (7,8%).
O estudo também
captou aumento de 8,8 pontos percentuais na proporção de pessoas com alguma
dívida parcelada. Na comparação com outubro do ano passado, saiu de 55,7% para
64,5% do total. Cerca de 80% do aumento está relacionado a famílias cujas
compras a prazo comprometem menos de 50% da renda familiar mensal; 13% a
famílias com comprometimento superior a 50% da renda; e 7% representam
crescimento da parcela de consumidores que não souberam responder. 
Diante
desse quadro as famílias já começam a se preparar para um natal mais econômico.
Para o professor de economia da IBE-FGV, Paulo Grandi, deve ocorrer cautela com
relação ao orçamento familiar. “Todo cuidado é pouco”, avisa.
Para o economista e
professor do FGV Management na IBE-FGV, João Mantoan, é importante não se deixar
levar pela empolgação e o espírito de confraternização que envolve a todos a
partir de agora. “Uma das dicas mais famosas e tradicionais é considerar o
fluxo de caixa, por mais simples que seja. Não gastar mais do que recebe é
fundamental”, considera João Mantoan. 

As contas do início do próximo ano devem,
desde já, ser levadas em consideração. Carnês de IPTU, IPVA, cartão de crédito,
matrícula/rematrícula escolar, entre tantas outras, devem ser prioridade.
“Independentemente do momento delicado e preocupante em que se encontra nossa
economia, o bom senso deve estar presente, ou ser um ‘presente’, para evitar
surpresas desagradáveis ao final das festividades que podem causar ressaca e
incomodar por alguns dias, ou até meses, durante o ano de 2015”, finaliza
Mantoan.

Foto 1 – Professor Mucio Zacharias.
Foto 2 – Professor Paulo Grandi.
Foto 3 – Professor João Mantoan.
Crédito: Tantas Comunicação.

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