ÍNDICES DE ACIDENTES AÉREOS NO BRASIL É SETE VEZES SUPERIOR AOS PAÍSES DE PRIMEIRO MUNDO

11 de maio de 2016.
ARTIGO DA ENGENHEIRA MARCIA RAMAZZINI

O transporte aéreo
brasileiro teve uma melhora substancial em 2015. Tivemos uma redução de 15% no
número de acidentes comparado ao ano de 2014, porém o índice desses acidentes
no Brasil ainda é sete vezes superior em relação aos países de primeiro mundo.
Segundo a Agência
Internacional de Transporte Aéreo (AITA), o Brasil registra um acidente aéreo a
cada dois milhões de voos. Os países de primeiro mundo registram um acidente a
cada 14 milhões de voo. Ainda temos muito para avançar!
A melhoria nos
índices de acidente ocorreram nos últimos três anos devido a operação “Voe
Seguro”. Surgiram os Núcleos Regionais de Aviação (NURAC), que intensificaram a
fiscalização, além de terem deixado a Agência Nacional de Aviação Aérea (ANAC)
mais presente. Segundo a ANAC o objetivo da operação é tornar o Brasil
referência em segurança. Isso é o que nós, viajantes e consumidores, esperamos!


Com o “Voe Seguro”,
os órgãos passaram a efetuar fiscalizações mais rigorosas nas aeronaves, melhor
monitoramento dos voos e inspeções de rampa, gerando maior segurança durante as
viagens.
Os acidentes são
decorrentes de duas causas, atos inseguros ou condições inseguras. Consideramos
condições inseguras a falta de monitoramento adequado, condições da pista,
manutenção da aeronave, análise de discrepância, navegabilidade, entre outros
itens.
Conhecendo as
condições inseguras podemos dizer que elas são evitáveis. E os atos inseguros.
Como devemos considerar?
Uma pesquisa feita
pela Associação Brasileira de Pilotos da Aviação Civil, registrou 25% de risco
para a tripulação de voo, principalmente para os pilotos, nos hábitos
relacionados ao consumo de bebida alcoólica.
A Organização da
Aviação Civil Internacional propôs que os profissionais da área passem por
exame toxicológico, programas de educação e recuperação, visando evitar o
consumo inadequado de álcool e/ou substâncias psicoativas. A ANAC foi uma das
primeiras agências que adotou as propostas como medidas preventivas.
Outras questões que
devemos analisar: ambientes pressurizados podem ocasionar alteração no ritmo
cardíaco, distúrbios do sono, gastroenterites, mudanças de humor, alteração de
pressão arterial, problemas circulatórios, entre outros impactos na saúde
desses trabalhadores.
Geralmente,
profissionais desta área possuem vida social inexistente, falta de tempo,
grande demanda de trabalho, crises de relacionamento, além do intenso sentimento
de abandono causado por longos períodos de afastamento familiar. Aspectos que
facilitam o quadro de danos emocionais e estresse.
Essas são algumas
razões que geram atos inseguros, aumentam a falta de atenção, e,
consequentemente riscos de acidentes. Precisamos de uma gestão efetiva na área
de saúde nesta categoria.
Os acidentes são
falhas no comportamento. No Brasil, além desses riscos, estamos passando por
uma mudança social de hábitos. As pessoas estão cada vez mais ensimesmadas em
função da violência, longas jornadas e redução de mão de obra.
Dos 10 piores
acidentes mundiais na área da aviação, dois ocorreram no Brasil. Estamos sempre
liderando as “´piores” pesquisas. Cada vez mais devemos nos preocupar com a
prevenção e educação.
Cada funcionário deve
se adequar às normas das empresas, observar e avaliar o comportamento dos
colegas de trabalho. Somente desta forma ocorrerá a conscientização. Só assim
teremos uma gestão efetiva de riscos e vidas poderão ser salvas!
Marcia Ramazzini é
engenheira civil pela PUC Campinas, engenheira em segurança do trabalho e meio
ambiente pela Unicamp e mestranda em Saúde Ocupacional também pela Unicamp. Tem
especializações em Riscos Industriais e Construção Civil pela OSHA
(Occupational Safety Health Administration), Ministério do Trabalho dos Estados
Unidos. Marcia é diretora da Ramazzini Engenharia e tem 20 anos de experiência
de mercado.
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