ERP SIMPLES NÃO PRECISA SER “TOSCO”

31 de maio de 2016.
ARTIGO DE MARCELO LOMBARDO
Dois fenômenos muito
interessantes aconteceram de 2010 para cá no mundo dos sistemas de gestão:
primeiro, as grandes e médias empresas – que formam o principal mercado
consumidor dos ERPs – já foi quase que totalmente tomado pelos fornecedores
tradicionais. Portanto, a única forma de crescer para essas empresas de
tecnologia consolidados é tentar buscar a camada de baixo, mirando clientes
cada vez menores.
Ao mesmo tempo, o
governo deu uma ajuda: passou a gradativamente exigir mais e mais das pequenas
empresas. Os especialistas dizem que o modelo tributário chamado de “Simples
Nacional” já não é tão simples assim, e em muitos estados da federação as PMEs
já precisam entregar SPED como qualquer multinacional gigante. Essa crescente
pressão de compliance fiscal e organizacional faz com que a caneta e papel ou
ainda o Excel não sejam mais suficientes. Todas as pequenas empresas
necessitarão, mais cedo ou mais tarde, de um sistema de gestão. Isso traz para
o baile do ERP milhões de novos clientes potenciais, dando uma super oxigenada
no mercado!
Entretanto, esses
tradicionais fornecedores de ERP tomaram o rumo mais previsível (e menos
inovador) para tentar atender esse novo mercado: pegaram aquele sistema feioso
de quase 30 anos de estrada, todo remendado e construído com tecnologia legada
dos anos 90, cortaram algumas funcionalidades aqui e ali, rebatizaram com um
nomes do tipo “First”, “Light”, “One”, etc. e tentaram empurrar esse
dinossauro moribundo garganta abaixo da PME. Não precisa dizer o resultado: sem
preço adequado, sem produto moderno, sem estar focado na usabilidade, estão
falhando miseravelmente.
Uma consequência
desse novo mercado que se formou foi a aparição, quase que da noite para o dia,
de dúzias de fornecedores de sistemas de gestão em nuvem que denominam a si
próprios de “simples” e de “baixo custo”.
Seria essa a nova
geração que substituirá os dinossauros? 
Evidentemente que sim, mas temos dois (grandes) poréns.
O primeiro problema é
o alcance de público alvo. Empresas de maior porte normalmente precisam
customizar o ERP para adaptá-lo às suas práticas. Independente dessas práticas
serem as melhores ou não, os novos sistemas de gestão na nuvem possuem baixo
custo por serem padronizados, não permitindo adaptações ou customizações
específicas. Em outras palavras, nenhum fornecedor que entende o jogo do
mercado de massa das pequenas empresas vai fazer desenvolvimentos específicos
para apenas um cliente, e certamente esse cliente manterá o dinossauro ainda
vivo por um bom tempo.
O segundo e principal
problema é o grau de profundidade (ou falta de profundidade) desses novos
sistemas de gestão na nuvem. Eles se intitulam “simples”, mas na verdade  são “simplórios”. Como eu já disse outras
vezes, essas duas palavras são muito parecidas, porém na verdade são opostas:
Simples é completo,
sofisticado, é algo que encapsula a complexidade dos negócios através de uma
interface fácil de usar. Agora simplório é despojado, incompleto, pobre.
Simplório é ignorar a existência da complexidade tentando tapar o sol com a
peneira, normalmente se aproveitando da falta de conhecimento do cliente
inexperiente. Resumindo em uma única palavra bem popular, simplório é tosco.
O que mais atrapalha
essa nova geração de ERPs na nuvem é que 99% deles se dizem simples, mas na
verdade são toscos.
A consequência dessa
“tosquice” pode ser observada diretamente nas altíssimas taxas de churn dessas
novas empresas. Esse termo, comum nos mercados de telecomunicações, reflete o
percentual dos clientes que cancelam ou param de utilizar o serviço dentro de
um período. No caso da maioria dessa nova geração de ERPs, o churn chega a
índices incríveis como 30% a 60% ao ano, ou seja, toda a base de clientes de um
fornecedor desses vai para o lixo em um prazo médio de 2 anos, o que é bastante
ruim quando levamos em conta todos os gastos com marketing para adquirir cada
cliente. No caso do ERP dinossauro, essa taxa não passa de 10% ao ano, elevando
neste caso o tempo médio de permanência do cliente para cerca de 10 anos.
Mas por que essas
novas empresas de software de gestão na nuvem escolhem ser toscas ao invés de
simples? Pelo que pude identificar analisando diversas delas, na maioria das
vezes não é uma escolha consciente. É puro desconhecimento de quais são as
reais necessidades de negócio das empresas e até das exigências legais. Um
exemplo desse total desconhecimento pode ser notado em alguns players de nome
já expressivo no mercado, que chegam ao absurdo de tornar opcional a emissão de
nota fiscal em seus sistemas, facilitando e automatizando o caixa dois. Acho
que eles sequer fazem ideia que estão sendo cúmplices de um eventual crime de
sonegação fiscal cometido por algum de seus clientes (quero crer que fazem isso
por ignorância e não por má fé).
Mas o ERP tosco não é
de todo ruim. É fato que uma gestão superficial é melhor do que nenhuma gestão,
mas por outro lado é uma chance perdida, pois a superficialidade do ERP tosco
não gera um real ganho de tempo e agilidade para a empresa, e certamente vai
frustrar as expectativas – o que explica o alto índice de churn.
Concluindo, não há
dúvidas de que a nuvem chegou para trazer ofertas muito mais adequadas,
modernas e de baixo custo para as pequenas empresas, porém tente descobrir
antes se a solução na qual você está embarcando é realmente simples e não tosca,
assim você evita perder tempo, dinheiro e se frustrar.
Marcelo Lombardo é
idealizador do produto Omie e CEO da Omiexperience
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