MARKETING DE RELACIONAMENTO, AINDA UM MITO NO SETOR CONTÁBIL

6 de agosto de 2015.
ARTIGO DE ROBERTO DIAS DUARTE
“Criar, manter e aprimorar os laços com os clientes e outros
interessados”. Esta definição clássica do Marketing de Relacionamento
certamente depende de trocas voluntárias, vínculos duradouros, mutuamente
satisfatórios e lucrativos, conforme igualmente nos ensinaram o guru do
marketing, Philip Kotler, e o professor emérito de graduação na Universidade da
Carolina do Norte, Gary Armstrong, ao falar de estratégias para a conquista e
manutenção de mercados.
Na prestação de serviços contábeis, porém, a teoria parece se distanciar
um pouco da prática, a julgar por resultados de pesquisas como a realizada por
mim, entre outubro e novembro do ano passado, envolvendo 388 empresas da área.
De acordo com o estudo, três a cada quatro escritórios ouvidos
consideram o relacionamento com os clientes seu maior diferencial. No entanto,
64% identificam na forma e conteúdo das informações recebidas o grande problema
desta relação.
Ora, não estaríamos aqui diante de um flagrante antagonismo? Como pode
se considerar um ponto forte a boa convivência com a clientela havendo uma
dificuldade tão crucial por parte de quem é contratado, sobretudo num segmento
onde a exatidão dos dados é determinante para se obter sucesso? Não estaria
havendo uma percepção equivocada dessas empresas, com base em um paradigma já
pertencente ao passado?
Em 2003, a Bain & Company criou uma metodologia para mensurar a
efetividade do relacionamento das empresas com seus clientes. Net Promoter
Score, ou simplesmente NPS, é uma técnica simples e eficaz para se obter uma
visão geral dos pontos fortes e fracos do negócio, sob o ponto de vista dos
clientes.  Sua base são questões qualitativas e quantitativas, respondidas
periodicamente.
A parte quantitativa segue uma escala de 0 a 10, com base na pergunta:
“O quanto você nos recomendaria para um amigo?”. A parte qualitativa procura
explicar os motivos das notas, boas ou ruins, atribuídas pelos
entrevistados. 
A partir das respostas numéricas, os respondentes são divididos em três
categorias: Promotores, Neutros e Detratores. Os que deram notas 9 ou 10 são os
Promotores; gostam da empresa, estão satisfeitos, querem continuar nesta
relação e incentivam amigos para que se envolvam com a mesma empresa. Enfim,
promovem o marketing boca a boca, seja no mundo real ou virtual. 
Os que forneceram notas 7 e 8 são os Neutros, pois não ajudam nem
atrapalham, enquanto os que deram notas de 0 a 6 são os Detratores, ou seja,
estão visivelmente insatisfeitos, não têm uma boa relação e prejudicam a imagem
da empresa. 
Com todas as notas apuradas, é possível calcular-se o NPS do
fornecedor. A fórmula é simples: (Promotores – Detratores) / Número total
de formulários preenchidos.
Você pode usar a metodologia para a empresa ou para produtos. Por
exemplo, calculei o NPS do Workshop Contador 2.0 e das minhas palestras. Os
resultados foram +75 e +72, respectivamente. Detalhe: o número poderia ser
negativo, caso a quantidade de Detratores fosse maior que a de Promotores. Além
do resultado quantitativo, obtive informações valiosas sobre como melhorar as
atividades que executo.
Várias empresas globais utilizam essa técnica e divulgam os resultados
que obtém. Na categoria smartphones, por exemplo, a Apple obteve, em 2014, o
índice de +67 e a Samsung, +54. Netflix ficou com +54; o cartão American Express
obteve +45 e o McDonald’s amargou a marca de -8.
Atualmente, NPS é o único índice internacionalmente aceito capaz de
mensurar a fidelidade dos clientes. Os motivos para tal são compreensíveis: é
simples, barato, rápido e fácil de calcular. Para aplicá-lo, basta obter o
formulário-modelo e enviá-lo aos clientes.
O método é quantificável por meio de uma métrica simples, padronizada
e  mundialmente reconhecida como modelo para se aferir a lealdade dos
clientes. Por fim, é comparável. Isto é, você poderá avaliar sua empresa com
base nos resultados dos concorrentes, ou até mesmo de departamentos e produtos
entre si. 
Ainda não temos um benchmark para as organizações
contábeis. Estou trabalhando nisto. Além de estimular o uso da metodologia,
estou ajudando algumas empresas do setor a mensurar seu NPS.
Somente a partir do uso de boas práticas de gestão, mundialmente
aceitas, poderemos implantar o marketing de relacionamento profissional nas
organizações contábeis, construindo o que foi teorizado por Kotler: relacionamentos
lucrativos e duradouros. Ou seja, criando modelos de negócios contábeis de alto
valor.
Roberto Dias Duarte é
sócio e presidente do Conselho de Administração da NTW Franchising, primeira
franquia contábil do país.
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