ENGENHEIRA ALERTA PARA AS FALHAS HUMANAS EM ACIDENTES AÉREOS

26 de abril de 2015.
No último dia 24 de março, o mundo
ficou perplexo com a notícia do acidente aéreo da empresa Germanwing, ocorrido
nos Alpes franceses, que culminou com a morte de 150 pessoas. O choque foi
ainda maior quando a imprensa divulgou que a queda havia sido causada
intencionalmente pelo copiloto da aeronave. O motivo? A depressão.
Segundo a OSHA (Organization Safety
and Health Administration), 95% dos acidentes são provenientes de atos
inseguros, ou falha humana, e esse foi mais um que passou a fazer parte dessa
triste estatística. “A manutenção das aeronaves é prioridade para as empresas.
As companhias aéreas possuem uma série de procedimentos e testes que são
adotados antes da decolagem. A engenharia é uma ciência exata e, como tal,
todos os riscos são evitáveis”, diz a engenheira do trabalho e diretora da
Ramazzini Engenharia, Marcia Ramazzini, especialista em gestão de risco.
O setor de aviação civil no Brasil é
regulado por normas expedidas pela ANAC (Agência Nacional de Aviação Civil),
através de resoluções e portarias. Os documentos estabelecem conceitos,
práticas e procedimentos relacionados a diversas áreas da aviação civil e são
elaborados com os padrões internacionalmente estabelecidos para o setor. Na
busca pela melhoria contínua e pela excelência no desempenho de suas
atividades, a ANAC tem atualizado periodicamente regulamentos e normas.
Além das preocupações mecânicas,
existe, ainda, o cuidado com a saúde dos pilotos e de toda a equipe de
trabalho. “Talvez um gerenciamento rigoroso da segurança do trabalho poderia
ter evitado este acidente. Se houvesse uma gestão efetiva, principalmente na
saúde mental, essa fatalidade não teria ocorrido”, afirmou Marcia.
No caso do acidente envolvendo a
empresa Germanwing, a depressão, uma doença que ocasiona mudanças invisíveis no
psicológico, porém visíveis no comportamento do doente, foi o motivo que levou
o copiloto a tomar a terrível decisão de derrubar o avião.
Presenteísmo
O profissional brasileiro também
passa por uma mudança social de hábitos. As pessoas estão cada vez mais
sozinhas, enfrentam longas jornadas de trabalho, ficam muito tempo fora de
casa, estão cansadas e cada vez mais estagnadas na profissão. A concorrência, a
insegurança, e diversos outros fatores afetam o comportamento. Assim, acabam
não prestando atenção em quem está ao seu lado.
O presenteísmo, de acordo com Marcia,
é um dos problemas atuais que mais tem afetado a segurança das empresas. “Os
funcionários vão trabalhar, mas suas mentes e seus pensamentos estão em outro
lugar. Em consequência, acabam se acidentando e o resultado é mais um problema
para a Segurança do Trabalho”, revela.
Segundo a engenheira, um exemplo
desse problema está em uma pesquisa divulgada recentemente, que mostra que o
INSS (Instituto Nacional do Seguro Social) gasta quase R$ 1 milhão por mês com
o pagamento de benefícios a pessoas que possuem depressão. Esse número
representa cerca de 2% do total de auxílios-doença mantidos no Estado. “Os
dados dessa pesquisa foram levantados no Piauí, porém é uma situação que
acontece em todo nosso país”, explica Marcia.
Acidente
Atualmente, a segurança do trabalho é
formada por uma equipe multidisciplinar composta por médicos do trabalho,
engenheiros, técnicos, enfermeiras, psicólogas, fisioterapeutas, entre outros
especialistas. A missão é manter a integridade física e mental que reflete
no aspecto comportamental dos funcionários. “Acidente é resultado de
comportamento e, como tal, possui pode ser evitado por treinamentos
específicos. Também existem técnicas estruturadas para identificação de
mudanças no perfil de subordinados e colegas de trabalho, independentemente do
Programa de Controle Médico e Saúde Ocupacional da empresa. Portanto, não é
responsabilidade do médico do trabalho”, avalia Marcia.
Para especialista também houve falhas
na segurança do voo, uma vez que nos Estados Unidos não é permitido somente uma
pessoa ficar na cabine de comando. “O case Germanwing deixou
clara a importância de uma gestão efetiva sobre riscos, que é de
responsabilidade da Segurança do Trabalho”, destaca a engenheira.
Os dados e as informações necessários
para uma análise e diagnóstico da situação são obtidos por meio de um
monitoramento constante do transporte aéreo e têm como objetivo subsidiar
decisões regulatórias e supervisionar os serviços oferecidos aos usuários, de
modo a garantir a segurança e a eficiência na aviação civil. “Será que era a
primeira vez que o piloto e copiloto voavam juntos? Provavelmente não. Enfim,
falhas ocorreram e levaram à morte 150 pessoas. Que isso sirva para evitar que
outros acidentes aéreos aconteçam tendo a mesma causa raiz, ou seja, um
copiloto que deveria estar afastado em tratamento contra depressão”, questiona
a diretora da Ramazzini Engenharia.
10 maiores acidentes históricos

– Tenerife: Aconteceu em 1977, na Espanha – 583 passageiros morreram
– Japan Airlines Voo 123: Aconteceu
em 1985, no Japão – 520 pessoas morreram
– Charkhi Dadri: Aconteceu em 1996,
na Índia – 349 pessoas morreram a bordo
– Ermenonville: aconteceu em 1974, na
França – 346 pessoas foram vítimas
– Air Índia Voo 182: aconteceu no
Oceano Atlântico em 1985 – 329 pessoas morreram
– Saudia Voo 163: Aconteceu em 1980,
na Arábia Saudita. 301 pessoas morreram a bordo.
– Iran Air Voo 655: 1988, no Oceano
Índico. 290 pessoas morreram
– Guarda Revolucionária do Irã:
Aconteceu em 2003. 275 pessoas morreram
– Chicago: em 1979, nos Estados
Unidos – 271 vítimas fatais
– Korean Air Lines voo 007: Aconteceu
no Oceano Pacífico, em 1983 – 269 pessoas morreram.
Foto: Marcia Ramazzini, engenheira do trabalho e diretora da Ramazzini Engenharia.
Crédito: Divulgação.
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